Sem destinatário

 

Você tinha medo daqueles insetos estranhos, e eu me doía de tanto rir por causa disso. Lembro daquela vez em que um deles interrompeu nossa conversa, e você ficou em pânico. Aquilo era a melhor comédia que eu já havia visto em toda minha vida. Juro.

A gente era pra tá junto. Ao mesmo tempo que essa frase é uma afirmação, se torna uma grande dúvida. Eu nunca admiti meu amor secreto por você, me desculpe por ser covarde. Na verdade, eu não queria te ver indo embora. E isso talvez foi um pretexto para me calar durante todos os anos. E te deixar escapar, na frente dos meus olhos. Te perdendo por fim para um outro alguém.

Deito hoje no meu travesseiro, e graças a Deus tenho a mente tranquila. Sou feliz com todas lembranças que você deixou, durante todos os  anos que vivemos juntos. E saiba que continuo te admirando cada dia mais.

Posso ainda ter ciúmes, por te perder para aquelas menininhas magrelas, e um tanto desengonçadas que queria aproveitar da sua inteligência. Ou talvez por aquela carta de amor que você acaba de escrever, que por sinal não é pra mim. Mas nem ligo. Eu gosto de você desse jeito torto mesmo. Quando você se vai. Quando você aparece para suprir minhas necessidades, no qual uma delas é seu belo sorriso. E que sorriso!

Ando pelas ruas, e não espero mais encontrar com você. Tenho medo de tropeçar, e ao me reerguer, cair na realidade que o nosso tempo já passou. E que só eu fiquei com esses sentimentos, e coisas bonitas riscados em um papel qualquer.

Não se preocupe, essa carta não chegará em suas mãos. Fiz dela um aviãozinho, com dobraduras que meu pai me ensinou quando eu era criança. Espero que essas palavras voem pra bem longe. Pois quem sabe, alguém ache tudo isso e se inspire na nossa história?  E dê a ela um novo final.

Não precisa ser feliz pra sempre, e nem perfeito. Basta ter você.