Às vezes me pergunto se caso estivesse na minha frente nesses exatos segundos o que eu seria capaz de lhe dizer. De uma coisa tenho certeza, certamente não controlaria o riso. Você me perguntaria como trilhei os caminhos depois do ponto final e eu falaria pela primeira vez na vida que estou bem. Em paz, feliz. Eu encheria o coração de amor e calmaria até transbordar perante seus olhos o que um dia sentimos um pelo o outro. Sem propósitos e porquês. Apenas para acender e me declarar ao que não me aceleram os batimentos cardíacos. Não mais.
Se pudesse vê-lo novamente e tivesse a oportunidade de concertar um segundo do último dia que ficamos juntos, certamente diria que mesmo não dando certo, te amei. Que mesmo sentindo que acabaríamos mais cedo ou mais tarde - e que suas mãos ficariam longe das minhas - um dia me senti segura naqueles laços que nossos olhos faziam. Porque só você me entendia como ninguém, até quando eu mesma era incapaz de me decifrar.
Se estivesse na minha frente nesse exato momento receberia um abraço apertado e um beijo no rosto. Logo eu contaria histórias bizarras, narrando cada detalhe de loucura das pessoas que resolveram entrar na minha vida durante a sua ausência. Eu faria piada do quanto fiquei vulnerável sem a sua proteção e como virei amiga da solidão que por dias intermináveis me fez companhia. Eu elogiaria sua atual namorada desejando felicidades. Talvez você não enxergasse a verdade em minhas palavras e eu transbordaria mais uma vez em gestos para convencê-lo. Não tenho motivos para tal comportamento só sinto que seria importante para mim.
Ah se eu pudesse encontrar os seus olhos mais uma vez e sentir sua voz sumir assim como fez no dia que encerramos nossa história. E assistir de perto algo levando aquela parte de mim que já se foi faz tempo. Parte essa que hoje não balança nenhuma célula do meu corpo e aquieta meus nervos. Que me invade, mas não enlouquece. Que não dói como antes e nem persegue os cantos dos lugares quando saio de casa. Parte de mim que se foi e não tem mais volta. Que agora não vejo, não toco, não sinto e aos poucos me confunde. Mas ao mesmo tempo, caracteriza a nossa essência e me liga até você.