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Ah se eu pudesse te encontrar de novo.

Postado por Dayanne às 14:53

Suas lembranças me abraçaram essa noite. Não tive medo. Dessa vez lágrimas não surgiram nos meus olhos e nem bateu aquela doce saudade familiar. O sentimento por você se diluiu dentro de mim - confesso não conseguir encontrá-lo. Apenas guardo o seu sorriso, a textura da sua pele e cabelos. E também nossa antiga música que agora não pertence à trilha sonora dos meus ouvidos. Não sinto pena, nem saudade. Não sinto nada.

Às vezes me pergunto se caso estivesse na minha frente nesses exatos segundos o que eu seria capaz de lhe dizer. De uma coisa tenho certeza, certamente não controlaria o riso. Você me perguntaria como trilhei os caminhos depois do ponto final e eu falaria pela primeira vez na vida que estou bem. Em paz, feliz. Eu encheria o coração de amor e calmaria até transbordar perante seus olhos o que um dia sentimos um pelo o outro. Sem propósitos e porquês. Apenas para acender e me declarar ao que não me aceleram os batimentos cardíacos. Não mais.

Se pudesse vê-lo novamente e tivesse a oportunidade de concertar um segundo do último dia que ficamos juntos, certamente diria que mesmo não dando certo, te amei. Que mesmo sentindo que acabaríamos mais cedo ou mais tarde - e que suas mãos ficariam longe das minhas - um dia me senti segura naqueles laços que nossos olhos faziam. Porque só você me entendia como ninguém, até quando eu mesma era incapaz de me decifrar.

Se estivesse na minha frente nesse exato momento receberia um abraço apertado e um beijo no rosto. Logo eu contaria histórias bizarras, narrando cada detalhe de loucura das pessoas que resolveram entrar na minha vida durante a sua ausência. Eu faria piada do quanto fiquei vulnerável sem a sua proteção e como virei amiga da solidão que por dias intermináveis me fez companhia. Eu elogiaria sua atual namorada desejando felicidades. Talvez você não enxergasse a verdade em minhas palavras e eu transbordaria mais uma vez em gestos para convencê-lo. Não tenho motivos para tal comportamento só sinto que seria importante para mim.

Ah se eu pudesse encontrar os seus olhos mais uma vez e sentir sua voz sumir assim como fez no dia que encerramos nossa história. E assistir de perto algo levando aquela parte de mim que já se foi faz tempo. Parte essa que hoje não balança nenhuma célula do meu corpo e aquieta meus nervos. Que me invade, mas não enlouquece. Que não dói como antes e nem persegue os cantos dos lugares quando saio de casa. Parte de mim que se foi e não tem mais volta. Que agora não vejo, não toco, não sinto e aos poucos me confunde. Mas ao mesmo tempo, caracteriza a nossa essência e me liga até você.



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Vício

Postado por Dayanne às 02:15

Os sabonetes estavam enfileiradinhos na prateleira, era aroma para todos os gostos. Um deles me lembrava o seu, que sempre exalava depois de 30 minutos no banho. Seu cabelo liso despenteado era a coisa mais engraçada - e linda - do mundo e eu sempre brincava de fazer aquele moicano que você odiava. Durante a noite, era sempre a mesma coisa; Eu encostava a cabeça no travesseiro, cobria com meu edredom de flores independente do calor e do frio. Você apagava as luzes da casa deixando acesa a do abajur, virava para o canto dizendo "Boa Noite". E murmurava baixinho no meu ouvido "Te amo, durma bem..."

"Senhor, pega aquele mesmo, o de frutas vermelhas" E o cara do supermercado olhou para mim com pena, talvez tenha percebido meu olhar triste. Ou sei lá, só estaria cansado de ficar atendendo todos aqueles clientes mau humorados. "Toma, é 2,80" Eu pagaria qualquer valor só para ter seu cheiro de novo em mim. E também procuraria em todos os outros caras, aquela coisa que só você me fazia sentir. O amor. Torto, cheio de erros, mas era amor. Talvez o mais puro que alguém já sentiu. "Moça, não vai levar o sabonete?" Ele falou um tom acima do normal, impaciente. Talvez estaria repetindo a mesma frase diversas vezes. Enquanto eu, me desligava do mundo só para lembrar de novo da gente.

Quem sabe um dia depois de tanto pensar em você, por um descuido, eu acabo te esquecendo. E um outro alguém surge de repente dali, de onde eu menos espero e tenha outro cheiros, outras músicas, e outro cabelo que goste daquele moicano ridículo que eu insisto em fazer. Talvez esse novo amor me ensine a gostar daquela música do Leone com versos repetidos e letras bonitinhas que você sempre ouvia, e a gente possa curtir aquelas tediosas madrugadas, com músicas altas que os vizinhos odeiam. Talvez esse outro alguém, assim como você, ria das minhas piadas inteligentes. E saiba conversar sobre bandas que só a gente lembra. Esse alguém vai me tirar do tédio, vai me entender mesmo quando eu mesma não consiga fazer isso, e também desligar todas as luzes da nossa casa, deixando acesa do abajur que provavelmente ficaria perto da nossa cama...

"Tem esse pacotinho aqui na promoção com 5 sabonetes moça. É de frutas vermelhas, por 10 reais. Quer levar não?" Dei as costas e saí andando sem dizer nada. Chega! Cansei desse vicio de você.





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Às vezes me lembro dele...

Postado por Dayanne às 23:58

[...] Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. Sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. Nunca mais o vi, depois que foi embora. Nunca nos escrevemos. Não havia mesmo o que dizer. Ou havia? Ah, como não sei responder as minhas próprias perguntas! 

É possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. É possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar - e principalmente a fingir. Fingir que encontra. Acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a reconhecê-lo.

 [Caio Fernando Abreu]


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A decepção e outras drogas.

Postado por Dayanne às 00:53

Certo dia ouvi dizer que a decepção era o sentimento mais profundo e devastador que uma pessoa poderia ter. Só que a gente precisa viver, pra entender o verdadeiro sentido de tudo. Má noticia, ou boa?
Hoje me peguei pensando porque  mudamos tanto depois de uma decepção. Uns mudam pra melhor, e constroem um escudo, para se sentirem mais seguros de si e protegidos. Outros, se afogam em musicas, livros, ou passam a reler aquela revista que fala de amor, guardada à anos dentro do baú, no fundo do quarto.

Os conselhos vão virando um zum-zum-zum sem fim, e o que queremos mais nesse momento é apenas uma cama pra dormir, ou um amigo (se possível verdadeiro) para desabafar. Estou certa?  
Mas de nada adianta. O chocolate parece não ter mais gosto, e aquela musica no rádio nem faz tanto sentido mais. Olhar no espelho e não se enxergar passa a ser uma rotina, e até nosso pobre cachorro parece não nos entender... porque afinal, nem nós mesmos estamos sendo capazes disso ultimamente.

Sabe, a melhor coisa quando isso acontece, é tentar desvendar o lado bom da coisa (por mais que não pareça ter, mas sempre tem). Porque querendo ou não, a gente aprende (e muito), depois de passar por alguns contratempos na nossa vida. E cá entre nós, os sentimentos que você sente agora eles não vão desaparecer. Não adianta tentar deletar, atrasar o relógio e se culpar por isso. Isso tudo só vai  vai parecer passar, quando outras coisas boas chegarem. Mas para que isso aconteça, você precisa dar um espaço pra elas. 

E olha, antes disso tudo, você vai pensar e repensar, chorar várias noites e talvez até beber o que não deveria. Mas sabe de uma coisa? No fim das contas, você vai parar e pensar. Ri de si mesmo.  E tentar desenhar uma nova história. Funcionou!!
Isso tudo porque finalmente você vai descobrir, que apesar de tudo, com erros e acertos, o que vale à pena de verdade é apenas uma coisa: Sua felicidade.







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Ponto Final

Postado por Dayanne às 20:54

Nosso fim não foi como eu esperava. Não teve choro, não teve eu e meus dramas patéticos, e nem você dizendo aquela frase "eu lamento"... porque na verdade, você não tinha nada a se  lamentar. O seu silêncio já havia me dito tudo. Mas eu ainda esperava sabe? Eu ainda tentava, encontrar algum sinal seu, de todas pistas que joguei pelo o mundo à fora. Ingenuidade não?

Caso não saiba, eu até tentei por um tempo te esquecer, e consegui. Só que de uns dias pra cá, tenho me lembrado muito de você. E dessa vez eu não enchi os olhos de lágrimas, e nem dramatizei todos os meus textos por isso. Eu apenas sorri, por ter me libertado de uma coisa que me prendia a tantos anos.

E olha, se ainda não percebeu, o nosso tempo acabou. Não adianta inventar outro verso, ou até mesmo escrever um novo fim. Porque nossa história já não existe mais. Eu rasguei todas as páginas que pude, e tornei a escrever uma novo roteiro, que por sinal, você não fará parte. 

E já que a gente quis assim, tudo que antes era felicidade, virou apenas lembranças. 
Lembranças, e nada mais...


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