O último metrô

 

Peguei o último metrô essa madrugada, coloquei uma rádio qualquer (estava tocando a música From The Ground Up) e deixei o tempo me levar. Pensei no que ando fazendo para melhorar minha vida, se estou tomando as decisões certas. No último telefonema da minha mãe não consegui dizer nada. Nadinha! Pelo simples fato dela ter perguntando se eu estava bem. E pelo simples fato de eu não saber a resposta. Pessoas vem e vão, e o metrô corre com pressa. Assim anda minha vida, momentos passam rápido demais e quando me dou conta, já fiz 20 anos. E com um piscar de olhos, 25.

Decidi morar sozinha quando percebi que queria o silêncio algumas vezes. Mas certas decisões na nossa vida, tem lá suas consequências (boas, digo de passagem). Me tornei escritora, passo grande parte do meu dia escrevendo textos que me perturbam durante a noite (enquanto não vou lá e escrevo, não me sinto em paz). Fiz minha tão sonhada viagem para Paris. Comprei a câmera que eu queria. Compus uma música, me sentei na praça só para observar as pessoas sorrindo. Senti a chuva. Vi finais felizes. Pensei que estava amando alguém. E agora estou aqui, sozinha, nesse metrô sem saber qual destino devo chegar. Sem saber para onde devo ir. Não sei se estou bem, mas estou com uma sensação boa de que tudo pode melhorar a cada dia e que isso só depende de mim.

A música da banda  Sleeping At Last terminou, senti um aperto no peito. Olhei para os lados e não vi ninguém. Mas mesmo assim tive vontade de sorrir, e não me senti sozinha. Ta aí o grande segredo da felicidade que poucos sabem: Quando a gente finalmente aprende a ser feliz, sem precisar de alguém.