Que não vire "Adeus" e sim até logo... (Minha despedida ao blog Sentimento Singelo)
Sublime
Seu cabelo encaracolado combinava com os meus dedos que entrelaçavam fio por fio formando um encaixe sublime. Seu meio riso recheado de dentes perfeitamente alinhados combinavam com minha segurança em querer-te a cada minuto que se passava. Sua paixão por animais combinava com a minha cor preferida. Seja lá qual for, pois nunca tive cores preferidas. Mas combinava.
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Talvez só seja... Saudade.
"Saudade." Ele disse estraçalhando todos os caminhos possíveis do meu corpo. Havia horas que estávamos conversando naquela maldita rua escura e a única coisa que entendi ao certo foi isso. Saudade. A chuva brincava no céu, meus cabelos estavam molhados, roupas colavam e desenhavam meu corpo. Eu sentia uma dor gostosa e úmida que escorria aos poucos pelos meus olhos cansados e pés descalços.
"Saudade" Ele dizia.
Saudade, essa coisa que corrói e nos invade durante uma madrugada qualquer. Ora em sonho, ora em fotos e músicas. Saudade que sempre se dissolve em lembranças, cheiros e vozes abafadas. Saudade do cheiro novo de futuro e o conforto do passado.
A saudade que ele tanto dizia, me fez lembrar de quando eu era criança e tinha medo do escuro. Saudade de pendurar a última bolinha de natal na árvore e espiar o bom velhinho. Saudade de pessoas que se foram. Saudade do Dudu, meu antigo cachorro e também da minha melhor amiga que não lembra de mim. Saudade do friozinho na barriga durante o primeiro beijo. Da primeira decisão importante. Saudade do barulho da viola, do canto da moça na praça e também do idoso lendo seu jornal. Saudade das lágrimas insignificantes e também das gargalhadas exageradas. Do barulho de sapatos desconhecidos, do despertar de um novo dia e também das insônias causados por ansiedade. Ou felicidade.
A maquiagem escorria e eu mal importava. Ouvia a voz que ele dizia, aguardando aquela dor insuportável passar junto a angústia. Eu realmente não sabia o que estava acontecendo. Sentia no peito um vazio, um aperto que não sabia bem o que era. Eu implorava pelo o amor de Deus que passasse e pedia aquelas mil explicações do que era essa mistura de furacões incessantes.
E ele continuava batendo dentro de mim acelerado, quase quebrando meu silêncio interior, respondendo apenas "Saudade".
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Ah se eu pudesse te encontrar de novo.
Às vezes me pergunto se caso estivesse na minha frente nesses exatos segundos o que eu seria capaz de lhe dizer. De uma coisa tenho certeza, certamente não controlaria o riso. Você me perguntaria como trilhei os caminhos depois do ponto final e eu falaria pela primeira vez na vida que estou bem. Em paz, feliz. Eu encheria o coração de amor e calmaria até transbordar perante seus olhos o que um dia sentimos um pelo o outro. Sem propósitos e porquês. Apenas para acender e me declarar ao que não me aceleram os batimentos cardíacos. Não mais.
Se pudesse vê-lo novamente e tivesse a oportunidade de concertar um segundo do último dia que ficamos juntos, certamente diria que mesmo não dando certo, te amei. Que mesmo sentindo que acabaríamos mais cedo ou mais tarde - e que suas mãos ficariam longe das minhas - um dia me senti segura naqueles laços que nossos olhos faziam. Porque só você me entendia como ninguém, até quando eu mesma era incapaz de me decifrar.
Se estivesse na minha frente nesse exato momento receberia um abraço apertado e um beijo no rosto. Logo eu contaria histórias bizarras, narrando cada detalhe de loucura das pessoas que resolveram entrar na minha vida durante a sua ausência. Eu faria piada do quanto fiquei vulnerável sem a sua proteção e como virei amiga da solidão que por dias intermináveis me fez companhia. Eu elogiaria sua atual namorada desejando felicidades. Talvez você não enxergasse a verdade em minhas palavras e eu transbordaria mais uma vez em gestos para convencê-lo. Não tenho motivos para tal comportamento só sinto que seria importante para mim.
Ah se eu pudesse encontrar os seus olhos mais uma vez e sentir sua voz sumir assim como fez no dia que encerramos nossa história. E assistir de perto algo levando aquela parte de mim que já se foi faz tempo. Parte essa que hoje não balança nenhuma célula do meu corpo e aquieta meus nervos. Que me invade, mas não enlouquece. Que não dói como antes e nem persegue os cantos dos lugares quando saio de casa. Parte de mim que se foi e não tem mais volta. Que agora não vejo, não toco, não sinto e aos poucos me confunde. Mas ao mesmo tempo, caracteriza a nossa essência e me liga até você.
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Chuvas e dias nublados
Eu tentava segurá-las, mas confesso que estava fora do meu controle. Rolavam por cada centímetro da minha pele em ritmos constantes e desordenados. Perfuravam minha alma e molhavam de uma forma constrangedora. Sentia-me forte, mas ao mesmo tempo vulnerável. Os motivos estavam estampados e ridicularizavam minha tentativa de ignorar meus sentimentos.
Hoje chorei pelas dores passadas. Por falta de compreensão de algumas pessoas. E por não enxergarem o que tenho de melhor e persistirem no erro que julgam falhos. Hoje chorei porque no fim tudo se transforma em lembranças que andam de mãos dadas com a saudade. Chorei por sentimentos que estão fora do nosso controle, como o amor que vez ou outra nos visita e sai batendo a porta – e às vezes na nossa cara. Hoje chorei por sentir medo dos meus sonhos. Não pelo tamanho da sua grandeza e sim pela insegurança de não poder alcançá-los. Chorei por amizades que se foram mesmo permanecendo vivas. E também por me sentir só, presente em multidões.
Hoje chorei por caminhos tortos que o destino nos impõe. Por palavras em vão e demonstrações ausentes. Chorei por horas que se estendem quando menos precisamos. E também por aquelas que se pudéssemos, eternizaríamos.
Chorei pelas vezes que ensaiei por horas o que falar, sendo que na hora me faltou voz - ou coragem. Chorei por ter um dia acreditado mais em algumas pessoas do que em mim mesma. E por entregar minha confiança de bandeja, tapando os olhos por não querer enxergar a verdade. Chorei por mentiras ásperas, promessas ditas de boca pra fora.
Chorei por não saber enfeitar a vida com todos os adereços necessários. Por desvendar olhares e descobrir pessoas vazias de espíritos. Chorei por carinhos sem reciprocidade, discussões inúteis e corações petrificados. Chorei pelo o que me tornei durante caminhadas difíceis. Por não ter cultivado o poder da paciência e ter perdido o controle. Chorei pela falta que algo me faz. Mesmo não conhecendo esse algo.
O furacão havia cessado e aos poucos elas se dispersavam. Sempre tive vontade de saber para onde se vão e por onde andam. Lisonjeio-me por sua capacidade de carregar tanto peso, mesmo sendo tão leves e curtas. E por aquietar nuvens escuras abrindo um novo sol no dia seguinte. Afinal, sempre temos uma nova chance. Só é preciso acreditar e permitir que essa onda de vez em quando nos leve para um novo mundo. Porque no fundo sabemos – ou deveríamos saber: Não basta presenciar a chuva. É preciso senti-la. E mais que tudo, saber se molhar.
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