Pedro

Postado por Dayanne às 22:09

Primeiro dia de trabalho, eu era a mais nova recepcionista do lugar e obviamente, não havia decorado o nome de todos os clientes que passavam. "Oi moça, preciso falar com o fulano." Tá mais quem é fulano? Seria aquele do cabelo preto e a boca incrivelmente sexy? Ou aquele grandão, de olhos arregalados e meio tímido? Pensei. "Aguarde um minutin... "  levantei a cabeça para analisar novamente quem me solicitava a informação. Tá bom que eu nem tinha terminado a frase mas estava pouco me lixando. Eu juro que pude ver quase em câmera lenta seu sorriso irradiante. O cabelo loiro, liso e bagunçado. Sua postura com as mãos para dentro do bolso. Sua sobrancelha  sutilmente arqueadas e alinhadas com os olhos. Sua pele branca e seu corpo atlético. Ele era realmente incrível.

E foi assim na terça, quarta e o mês inteiro. Decorei o seu nome na primeira semana. Pedro. Como não decorar? Eu já havia imaginado tudo. Eu e aquelas mãos insuportavelmente grandes do Pedro. Eu e aquela perna provocante do Pedro. Eu beijando aquele pescoço liso e tentador do Pedro. Eu bagunçando aquele cabelo liso do Pedro. Pedro, Pedro, Pedro, no almoço e no jantar. Não eu não estava amando nem nada, mas assim como o resto do mundo minha cabeça "vez-em-quando" pensa umas sacanagens. Ô se pensa! Mas disso ninguém precisa saber.

Ele não tinha aliança na mão direta e nem na mão esquerda. Mas dias atrás, apareceu com uma mocinha, simpática, olhos verdes e redondos. Ela estava levando MEU Pedro embora, mesmo não sendo MEU. Mas eu nem queria ele mesmo, certo? Certo. E nem queria arrepiar aquela nuca, e aquele braço e aquele não sei lá mais o quê, que eu nem queria. Certo? Certo. E eu nem queria estragar o possível relacionamento do Pedro, com a menina boazinha e meiga e linda, certo? Certo. 

E depois de concordar com as mil e uma possibilidades que, depois da moça bonita, fizeram minhas fantasias ir para o ralo abaixo e tentar gentilmente mostrar para mim mesma que eu não queria ele de verdade, resolvi aceitar o tchaul do Pedro. Assim como o adeus do moço na semana passada, e minha crise de pânico logo depois. Assim como minha cachorra me olha todos os dias que chego, como se o mundo ainda tivesse um pouco de inocência e coisa bonita. Mas já chega! Pedro só era mais um como todos os outros. "SÓ MAIS UM". Deleta, exclui, e pronto. Já chega!  

Tomo o remédio que meu psicólogo receitou para essas crises existenciais. E frente a frente com a minha loucura, dou um adeus doído para o Pedro que provavelmente aparecerá no mesmo lugar de sempre, trocando a mesma frase de sempre. E como previsto, ele chega e pede novamente para falar com o tal fulano que até agora não decorei o nome. E depois da sua passagem, minha vida  finalmente fica normal e eu tento voltar a pensar em todo meu plano B e essas coisas de esquecê-lo, e dar a volta por cima e tal. Eu realmente preciso esquecer. Esquecer o quê mesmo?






2 comentários

2 comentários:

M i i a h disse...

Esse texto é perfeito Day haha <3 fez muito bem em postar ele aqui :D

http://pequenamiia.blogspot.com.br/

Dayanne disse...

Muito obrigado pelo comentário e pela presença Mia. Que bom que gostou :t

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