Imagine um cara alto, moreno claro, cabelos pretos, olhos castanhos, corpo atlético e para completar, aquela linda e sedutora barba mal feita. Agora imagine esse mesmo cara, ligando e quase pedindo "Pelo amor de Deus, saia comigo." Nunca fui a mais bonita da escola muito menos a mais "gostosona". Mas uma coisa sempre me chama muita atenção quando os caras me elogiam. "Ahh Day, você é diferente...". Obrigado Lucas. "Eu enxergo em você um brilho especial." Obrigado Pedro. "Mulher igual você, nooossaa. Nunca vi igual. Além de linda é inteligente." Obrigado Henrique. Obrigado Jorge, que me disse na semana passada uns poemas decorados pelo telefone. E também o João, que me procurou quando estava bêbado. E também o André, o Victor com "c" no meio. E a todos esses outros que tentaram me fazer de boba, sem saber que eu era mais esperta do que imaginavam - ou pelo menos pensava que era. Nunca subestime uma mulher, anote aí, depois não diga que eu não avisei.
Mas voltando ao assunto, saí com esse cara que desejava de todos os jeitos me conhecer. Fomos ao cinema, o filme era chato e ele ao contrário de mim adorou. Depois sentamos no restaurante mais próximo. "Mas então me fale mais sobre você." Juro que me senti na primeira entrevista de emprego. "Olha moço da boca bonita e barba incrivelmente sexy. Eu sou escritora e já que perguntou, sou extremamente insegura, indecisa e bipolar. Vez em quando nervosa, confesso que sou ciumenta pra caramba!!!." Pensei tudo isso mas não falei. Enquanto eu pensava, ele ficou olhando para minha cara, e eu pude imaginar a que ponto ele já havia percebido que eu era uma daquelas loucas que sai analisando tudo antes de falar para não soltar bobeira - mal sabendo que estava terrivelmente certo.
"Eu nunca gostei dos malhados, sabe? Apesar de achar aquelas curvinhas um tanto tentadoras nunca me atrai por nenhum deles." E ele sorriu. "Mas Day, é isso que a mulherada gosta!!!" E dessa vez foi eu que sorri, não dele - por sua resposta idiota - nem pra ele mas sim de mim mesma. Primeiro pelo comentário bobo, segundo por saber - depois de muitas experiências - que existe muito mais do que um tanquinho definido atrás daquilo tudo. Tudo bem que nem todos são idiotas, e se acham o último biscoito do pacote assim como os que conheci. Talvez tenha sido azar no amor, ou azar na sorte.
"Mas me conta, o que você gosta de escrever?" E eu suspirei, dizendo que era sobre o amor. E ele olhou nos meus olhos como se aquilo fosse um crime, ou algo impossível. Poxa, ela escreve sobre o amor. Nossa que coragem! Nossa que, sei lá, tem outro assunto não minha filha? Logo o amor? Logo isso que todos querem mas poucos buscam? Logo isso que alguns tem e não valorizam? Logo esse sentimento que vangloriam, com promessas e felizes para sempre?
E depois disso o silêncio tomou conta, e eu pude ter certeza que havia cometido um crime - falar de amor assusta, sabia não?. Trocamos telefones, e ele prometeu me ligar no dia seguinte. Coisas de homem sabe? Aquela frasezinha na ponta da língua, que diz "Você é tão diferente de todas" mesmo querendo dizer "Você sabe no fundo o que eu quero, então vamos direto ao ponto?". Se você é homem e discorda completamente, parabéns você faz parte das deliciosas e quase raras exceções.
No fundo eu não estava nem um pouco interessada naquela pele macia e bocas rosadas. Já ouviu falar daqueles escudos que criamos quando a vida joga um balde de água fria, e mostra que nem tudo é perfeitinho como parece? Quem nem todas as mocinhas são santinhas e os caras bonzinhos? Pois é, e depois disso eu fiquei macho pra caralho! Nada contra os que gostam de iludir, mas essa daqui ó, não mais. Não mesmo! "Vem cá moça, é você que faz os textinhos bonitinhos de amor?" "Não" "Oi querida, me passa seu telefone?" "Não!" "Minha linda, aceita jantar comigo essa noite? É tudo por minha conta" "Não!!!"
As pessoas - no fundo - costumam gostar do que não tem. Vai que funciona...
3 comentários:
ja fazia tempos que não lia um texto assim pela internet,adorei a parte do obrigada ... obrigada ... falar de amor as vezes assusta sim,mudamos mt com o tempo e paramos aos poucos de vivenciar e falar sobre isto,e quando toca no assunto algo acabamos surpresos e sem saber o q fazer! mais não desista o mundo é dos que se arriscam !
Gostei, mas acho que a personagem tem que se permitir e não ficar se privando de novas experiencias e tals, é só não se entregar tanto e viver. Muito bom o texto Day :D
Faz tempo que não venho aqui :( mas cm sempre seus textos estão divinos *-* e entendo completamente a sua 'Day' é bonita a teoria de que devemos nos entregar pra ser feliz, mas só quem ja sofreu uma grande decepção sabe como é dificil
http://pequenamiia.blogspot.com.br/
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