- Alô? - Disse uma voz calma do outro lado.
- Oi, quem fala?
- Rosinha. Em que posso ajudar?
- É que vi um anúncio no jornal. Dizia que a senhora traz o tal do amor de volta. É verdade?
- Sim.
- Eu não tenho um amor - Falei com uma voz falhando. - Daí, como faço para trazer um amor que ainda não tenho? Quer dizer, eu só quero um amor... - Disse tropeçando nas palavras.
- Mas moça - ela falou meio impaciente - para o trato dar certo, é preciso você ter entrado em algum relacionamento e separado. Aí eu trago o homem em 5 dias, tiro e queda.
- Quanto custa?
- Cem reais.
Silêncio
- Alô? Ainda está aí? - Retomou a fala.
- Então dona Rosinha, vou te explicar minha situação. A três anos não sei o que é amor. As pessoas andam nas ruas mas ninguém percebe o que realmente existe em sua volta. É cada um em sua bolha individual. Eu só queria um... um amor. Com aquele friozinho gostoso na barriga, sabe? Aquele amor que me faz perder a noção do tempo sabe? Oi? Ainda está aí?
- Estou minha querida, mas é que esse amor que procuras é, como posso dizer, raro entende?
- Porque?
- Passei anos e anos trazendo amores de volta. Pelo menos é o que minhas clientes dizem. Vejo sorriso largo, satisfação. Gosto do que faço. Mas esse daí, hum... complicado!
- Hummm - dei um suspiro logo. - Pensando bem, acho que pra você posso falar a verdade. Eu até tive um grande amor, mas depois de tantas decepções não estamos mais juntos. Ele me deixou, fugiu com outra. Tento todos os dias esquecer isso... Não quero ele de volta, quero apenas enterrar esse passado.
- Já sei, marque uma sessão comigo. Vou te trazer de volta um tal de "amor próprio"... conhece?
- Não, nunca ouvi falar desse. Anda em falta também?
- Muito!
- Chego aí em 20 minutos...
TU TU TU TU
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