Ainda lembro

Você é aquele último pingo de dor na minha manhã chuvosa. É aquela nota musical mal tocada. Um grito, um silêncio, um choro. Você é a mensagem de madrugada, que me faz sorrir e ao mesmo tempo chorar. É o meu último suspiro de vida. Você é um passo para a maldade, um caminho para minha solidão.

Ao mesmo tempo saudade.

 Você é meu mal humor, mal amor. É meu pensamento, minha fraqueza, delírio, paixão. É estar presente em tudo que faço, sem presença. É tudo que ouço e esqueço. Você é um céu limpo de estrelas. Você é aquele texto mal interpretado. Você é aquilo que escondo atrás de um sorriso. É minha madrugada com insônia. Você é aquilo que bagunça meus sentimentos e engana todos os sentidos. É mágoa, desespero.

Ao mesmo tempo, amor.

Você é minha queda. Você é meu tempo e um mal tempo. É meu coração acelerado. Um risco torto no papel. É por você que meu coração implora, ignora. Ele para por segundos, quando no meio da noite acordo e percebo que você não se encontra naquele lado de sempre na cama. E também quando me lembro das meias espalhadas pela quarto, o cheiro de pasta de dente na manhã, o aroma do café. Seu abraço de bom dia, sua mensagem desejando boa noite. Seu telefone no meio de uma reunião importante, só para me contar algo que aconteceu no seu dia. Todas essas coisas que se foi, junto com você. Eu meio que esperava que você ficasse, e nunca fosse desistir. Eu meio que esperava que daríamos certo, mas com todas as circunstâncias  fez com que tudo ficasse errado. 

Eu sei, eu sei que ainda não esqueci. Já disse que meu coração é teimoso, lembra? Mas deixe tudo assim, desse jeito. Assim como está. Porque de você eu não quero mais nada. Mas ao mesmo tempo, tudo.