Chuvas e dias nublados

Postado por Dayanne às 14:48

Eu tentava segurá-las, mas confesso que estava fora do meu controle. Rolavam por cada centímetro da minha pele em ritmos constantes e desordenados. Perfuravam minha alma e molhavam de uma forma constrangedora. Sentia-me forte, mas ao mesmo tempo vulnerável. Os motivos estavam estampados e ridicularizavam minha tentativa de ignorar meus sentimentos.

Hoje chorei pelas dores passadas. Por falta de compreensão de algumas pessoas. E por não enxergarem o que tenho de melhor e persistirem no erro que julgam falhos. Hoje chorei porque no fim tudo se transforma em lembranças que andam de mãos dadas com a saudade. Chorei por sentimentos que estão fora do nosso controle, como o amor que vez ou outra nos visita e sai batendo a porta – e às vezes na nossa cara. Hoje chorei por sentir medo dos meus sonhos. Não pelo tamanho da sua grandeza e sim pela insegurança de não poder alcançá-los. Chorei por amizades que se foram mesmo permanecendo vivas. E também por me sentir só, presente em multidões.

Hoje chorei por caminhos tortos que o destino nos impõe. Por palavras em vão e demonstrações ausentes. Chorei por horas que se estendem quando menos precisamos. E também por aquelas que se pudéssemos, eternizaríamos.

Chorei pelas vezes que ensaiei por horas o que falar, sendo que na hora me faltou voz - ou coragem. Chorei por ter um dia acreditado mais em algumas pessoas do que em mim mesma. E por entregar minha confiança de bandeja, tapando os olhos por não querer enxergar a verdade. Chorei por mentiras ásperas, promessas ditas de boca pra fora. Chorei por não saber enfeitar a vida com todos os adereços necessários. Por desvendar olhares e descobrir pessoas vazias de espíritos. Chorei por carinhos sem reciprocidade, discussões inúteis e corações petrificados. Chorei pelo o que me tornei durante caminhadas difíceis. Por não ter cultivado o poder da paciência e ter perdido o controle. Chorei pela falta que algo me faz. Mesmo não conhecendo esse algo.

O furacão havia cessado e aos poucos elas se dispersavam. Sempre tive vontade de saber para onde se vão e por onde andam. Lisonjeio-me por sua capacidade de carregar tanto peso, mesmo sendo tão leves e curtas. E por aquietar nuvens escuras abrindo um novo sol no dia seguinte. Afinal, sempre temos uma nova chance. Só é preciso acreditar e permitir que essa onda de vez em quando nos leve para um novo mundo. Porque no fundo sabemos – ou deveríamos saber: Não basta presenciar a chuva. É preciso senti-la. E mais que tudo, saber se molhar.





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