Passado que não fiz questão de enterrar

Postado por Dayanne às 11:39
Lembro dele como se fosse ontem. Escola nova, e eu sabia que dentro de mim estava a garota mais insegura do mundo, ou talvez do universo. Entrei na sala de cabeça baixa, tropeçando e não olhando pra ninguém. É difícil se equilibrar quando parte da sala está olhando diretamente pra novata da escola.

Na verdade, eu estava ansiosa e irritada por ter que ir naquele primeiro dia de aula. Não sou tímida  e nem estranha... mas tenho uma certa dificuldade em de manter amizades. Pra piorar as coisas, a professora que por sinal muito simpática pediu para que eu fosse na frente da turma para me apresentar.  "Bruna, 17 anos, mudei recentemente" Foi a única coisa que consegui dizer - eu sempre resumia tudo quando o assunto era falar sobre mim
Um garoto atrás das fileiras, meio quieto me chamou atenção quando eu falava. Concentrei nele, quando parte da turma não ligava para o meu silêncio de constrangimento lá na frente.

A gente se olhava durante as aulas, e ás vezes eu até perdia aquela fórmula importante de física por tanto desconcentrar em seu olhar. Ele não dizia nada, por um momento achei também que fosse novato, mas decidi não tocar no assunto. Os dias foram se passando, até que ele decidiu conversar comigo. Meu coração disparou na hora, e minha insegurança resolveu dar as caras, mas resisti. Com o tempo fui descobrindo mais sobre sua vida, não era novato, amava escrever e era fã da banda Bon Jovi.  A gente conversava  no intervalo, e eu nem sentia a hora passar. Ele me ajudava nas lições de português, e lia os textos que eu escrevia - todos eram de amor, sobre ele, e ele nem percebia...

Nos formamos e ele até ganhou um prêmio de aluno exemplar. Me chamou para dançar na formatura  e eu aceitei. A musica era ruim, mas mesmo assim rolou um clima e nos beijamos. A musica terminou, junto com a festa o ano escolar, e aquele possível NÓS que eu tinha guardado dentro de mim.
Até hoje me lembro dele, e daquele seu all star que vivia desamarrado durante as aulas.  Até hoje me lembro daquele tchau que ele me deu que me doeu e me dói até hoje. Pois é, aquele tchau virou saudade, e eu ainda tenho vontade de escrever aqueles textos de novo  pra ele. Mas pelo menos, eu descobri que o amor nem sempre tem aquele final feliz como nos filmes. Amar é muito mais que isso. 

Ainda tenho a esperança, de quem sabe, um dia qualquer, esse texto chegue em suas mãos e a gente possa relembrar  das aulas que perdemos de história, rindo das crônicas que eu escrevia sobre o meu dia. E quem sabe, um dia ele possa perceber que  levou uma parte de mim com ele. E que deixou uma parte dele comigo. E que talvez seja por isso que não consigo esquecê-lo. Se bem que  às vezes, nem quero...


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